Home » Artigos » Sindimed repudia o aumento da violência contra médicos e demais profissionais da saúde

Por Casemiro dos Reis Junior

Os médicos de Campinas e região estão de luto e consternados com o falecimento da Dra Ana Olívia Bentivoglio, de 49 anos, vice-presidente do Sindicato dos Médicos de Campinas e Região (Sindimed), ocorrido em Jaguariúna, na noite da última segunda-feira (05). O lamentável acontecimento traz à tona um dos problemas mais graves enfrentados pela população brasileira em geral e pelos médicos em particular: a violência.

Em hospitais e postos de saúde são frequentes as ameaças e agressões físicas aos médicos e demais trabalhadores. Coação e assassinados de profissionais, muitos ainda não esclarecidos, precarizam ainda mais as condições de trabalho na área de saúde e refletem uma das maiores deficiências do Estado: o combate à violência.

Desta vez a vítima foi uma colega médica sindicalista, que assumiu a tarefa de lutar por melhorias no exercício da medicina e acabou vítima da violência que ela tanto combatia.

A violência contra médicos e demais profissionais da saúde tem sido constantemente debatida pelas entidades médicas. Não é por acaso que em alguns locais, onde geralmente os médicos são mais necessários, o sistema de saúde vem perdendo vários profissionais por razões ligadas à falta de segurança.  A violência é também um dos principais fatores para que os médicos não se sintam atraídos pelas ofertas de trabalho nas periferias urbanas. Não é rara a intimidação do médico com agressões verbais e físicas chegando até ao uso de armas de fogo e casos de morte, como tem ocorrido também com médicos peritos do INSS.

O Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) classifica a violência contra profissionais de saúde em três grupos: violência cometida por criminosos que invadem instituições de saúde;  violência cometida por paciente ou acompanhante em crise de distúrbio psicossocial, incluindo efeitos do álcool ou de drogas e violência gerada por problemas na relação paciente/instituição/profissional da saúde.

O primeiro grupo é, claramente, da alçada policial, e como tal deve ser abordado. O segundo grupo, apesar de exigir cuidados médicos, tem também conotações ligadas à segurança interna nas Unidades de Saúde e o terceiro grupo requer análise mais profunda e condutas que dizem respeito, principalmente, a medidas que determinem relações mais humanizadas entre os atores. Mais uma vez o médico é vítima do sistema, pois é submetido a condições de trabalho extremamente precárias, condições essas que desumanizam a relação médico-paciente.

São poucos dados estatísticos sobre a violência contra o médico, já que muitas agressões não são sequer formalizadas junto ao poder público.

As entidades médicas reivindicam uma segurança treinada e efetiva nas unidades de saúde criando mecanismos para reestruturação do atendimento e gerando um sistema mais humanizado e resolutivo. As sugestões são simples, porém eficazes para evitar o agravamento de conflitos que causam insegurança tanto aos médicos, quanto aos usuários.

O Sindicato dos Médicos de Campinas e Região exige da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo o esclarecimento do bárbaro assassinato da Dra Ana Olivia Bentivoglio, bem como a implacável punição de seus autores.

Casemiro dos Reis Junior
Presidente em exercício do Sindicato dos Médicos de Campinas e Região (Sindimed)

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