Home » Destaque, Notícias » Redução de pessoal faz Samu trabalhar com equipes menores e sobrecarregadas

samu051A falta de médicos para atendimento de urgência e emergência tem provocado prejuízos ao trabalho do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em Campinas. A afirmação é de Francisco Mogadouro da Cunha, diretor do Sindicato dos Médicos de Campinas e Região (Sindimed), e de médicos que desempenham a função e conversaram com a reportagem com o compromisso de que seus nomes seriam mantidos em sigilo.

No começo de 2012, o órgão tinha 79 médicos trabalhando. Hoje, são apenas 30, depois que ocorreu, em março de 2013, o fim do convênio entre Prefeitura e o serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira.

“O problema da falta de médicos em Campinas é geral e antigo. Não é novidade principalmente no setor de urgência e emergência de determinados hospitais. Essa deficiência no Samu preocupa bastante. Depois da demissão do pessoal foi prometida a reposição desses médicos e, até agora, nada aconteceu”, afirmou Cunha.

Déficit

Para operar no limite, seriam necessários pelo menos mais dez profissionais para início imediato, segundo o diretor do sindicato. Os plantões que antes contavam com oito ou nove profissionais, hoje são feitos com no máximo quatro. Em alguns casos, são apenas três para atender a demanda de toda cidade.

Entre os problemas causados pela falta de médicos está o aumento do tempo de espera dos pacientes que acionam o Samu. “Isso é perceptível na demora do atendimento de emergência com a ambulância de suporte avançado, por exemplo, que precisa ter o médico e chegar nos locais em até cinco minutos. Têm casos relatados que a demora leva 40 minutos”, disse.

Outra reclamação é que os médicos que fazem o pré-atendimento por telefone, muita vezes, se vêem obrigados a deixarem a central para fazer o atendimento no local da ocorrência.

Convênio

No geral houve a demissão de 546 funcionários contratados pelo Cândido Ferreira, entre eles 110 médicos que atuavam no atendimento à rede básica de saúde. O diretor, que também é médico do sistema de saúde do Município, afirma que uma das características no serviço é o atendimento e avaliação de casos por telefone. “É essencial ter médicos para fazer esse pré-atendimento para auxiliar e também avaliar o caso. Essa priorização é tarefa difícil de fazer, principalmente por telefone. Deveria ter ao menos quatro profissionais nesse atendimento e outros três para atender nas ambulâncias. Hoje há dias em que têm um ou dois”, disse.
Médicos que trabalham no órgão afirmam que a situação está ficando insustentável com o passar do tempo. “Temos que ficar fazendo várias escalas para encaixar da melhor forma. O que queremos é a reposição desse pessoal. Está muito sobrecarregado. Já foram encaminhados vários pedidos de reposição para a Prefeitura e eles respondem que estão cientes do problema”, afirmou um dos médicos que trabalha no local e pediu para não ser identificado.
Refeições
Outro problema denunciado pelos médicos é que a falta de médicos os obrigam a trabalhar sem período para refeições. “Todo dia temos que almoçar, jantar ou fazer lanches sentados na mesa de atendimento. A gente não pode abandonar a bancada vazia e deixar as pessoas sem socorro”, reclamou outro médico.
O diretor do sindicato afirmou que irá se reunir com representantes da Prefeitura para encontrar uma solução para o caso. “Há relatos de falta de segurança até mesmo nas viaturas. Tem que ser apurado.”

Nega comprometimento

O coordenador do Samu em Campinas, José Roberto S. Hansen, afirmou que a deficiência de médicos existe na cidade “como um todo, assim como ocorre no Samu”, mas negou problemas no atendimento dado à população. “Existe uma dificuldade de contratação de médicos após a saída do Cândido. Já foram feitos três concursos públicos para área de urgência. Mas melhorou muito já. Pode ocorrer de um plantão o outro ser mais deficiente na quantidade de profissionais. Mas isso ocorre no máximo três vezes ao mês. Isso não quer dizer que os atendimentos não são feitos”, disse.
Hansen adiantou que a Prefeitura está preparando para o mês de junho um novo processo para a contratação de médicos de urgência e emergência. “Infelizmente essa situação faz crescer o trabalho dos médicos. A previsão é de abrir 50 novas vagas de médicos clínicos, entre eles 15 pra pediatria na rede toda de urgência. Para o Samu, vamos buscar de 10 a 13 profissionais.”


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