Home » Notícias » Problemas com a falta de médicos se estende e causa indignação de pediatras do Hospital Ouro Verde

medicosMais um dia de escala médica vazia no Pronto Socorro do Hospital Ouro Verde. Na noite de ontem, domingo (9/9), apenas um médico pediatra esteve escalado para o atendimento às crianças, onde deveriam haver três profissionais para cobrir o plantão noturno. Há meses que um único pediatra fica sozinho responsável por atender a sala de emergência (“sala vermelha”), a enfermaria de retaguarda e observação (com 6 leitos) e consultas que chegam durante o período. Por sorte, nessa noite foram poucas crianças que precisaram de atendimento de urgência, sendo duas na observação e duas que chegaram com casos mais graves e foram encaminhadas para a “sala vermelha”.

Hoje pela manhã (10/9), a escala estava com dois pediatras trabalhando, onde deveriam haver quatro. O tempo de espera das consultas passava de três horas. “Além da equipe médica, a equipe de enfermagem também está desfalcada. Vários enfermeiros e técnicos pediram demissão desde que começou a gestão da Rede Mário Gatti, e até agora não foram repostos.  Na noite de ontem (domingo), apenas um técnico de enfermagem cobria toda a pediatria (sala de emergência, sala de observação e consultas). Sem contar que muitas vezes os técnicos de enfermagem não possuem treinamento adequado para fazer o atendimento de pediatria. Atender crianças exige conhecimentos específicos, não é o mesmo que atender adultos”, disse ao sindicato um dos médicos pediatras que trabalha no hospital.

Nessa situação dramática de falta de médicos no Pronto-Socorro Infantil do Hospital Ouro Verde, e que há quase um mês vem sendo denunciada pelo Sindicato dos Médicos de Campinas e Região (Sindimed), seria crucial que houvesse uma triagem bem-feita dos casos de urgência e emergência. Mas, infelizmente, os técnicos de enfermagem nem sempre recebem o treinamento necessário, e a triagem, em alguns momentos, não acontece ou falha em reconhecer a gravidade dos casos que chegam.

Em momentos mais críticos, a diretoria do hospital tem escalado médicos sem formação pediátrica para o plantão do PS Infantil, o que não é indicado. Quando questionados pelos médicos, a diretoria da Rede Mário Gatti diz ser por falta de profissionais qualificados no mercado; mas os próprios pediatras dizem que muitos colegas poderiam trabalhar no hospital, mas, ao que tudo indica os problemas são de outra ordem:  atraso nos pagamentos, dificuldades na contratação e falta de perspectivas da Rede Mário Gatti.

A situação de dificuldade no atendimento pediátrico de urgência e emergência não acontece apenas no Ouro Verde, o Pronto-Atendimento do Campo Grande, por exemplo, há muitos anos se debate com a falta de médicos, que é mais grave no caso da pediatria.  Estima-se que faltem 10 médicos pediatras para completar a escala.  Lá, médicos generalistas ou clínicos muitas vezes atendem crianças doentes e não sabem como conduzir porque não têm formação em pediatria.

Apesar das enormes dificuldades, os pediatras continuam atendendo os pacientes e familiares com todo o cuidado e atenção. A maioria das famílias entende e valoriza o esforço e o sacrifício que vem sendo feito por parte dos médicos, no entanto há muitas reclamações quanto ao atraso e às constantes falta de profissionais e, como consequência, fechamento da porta do Pronto-Socorro, como aconteceu no mês de agosto. Segundo os médicos, o problema está sendo regularmente levado à diretoria do Hospital Ouro Verde, contudo, a resposta que se tem é que eles estão de mãos atadas, que no momento não há meios para resolver o problema, e pede que os pediatras esperem por mais dois meses ou até o fim do ano, quando talvez a situação se resolva. Mas, até quando contaremos com a sorte? Será que algo de pior precisa acontecer para que as autoridades priorizem e tomem providências com a urgência necessária?

 

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