Home » Notícias » Pediatras denunciam situação caótica no PS Infantil do Ouro Verde

1Mesmo após sucessivas denúncias de más condições, sobrecarga de trabalho e completa falta de gestão sob os médicos da rede pública de Campinas, em especial do Pronto Socorro Infantil do Hospital Ouro Verde, a Prefeitura continua sem tomar nenhuma atitude, a não ser ludibriar a população e oferecer repetidas desculpas – como atribuir a falta de atendimento pediátrico a licença médica de plantonistas -, como se esse fosse o real motivo para a falta de profissionais em um dos maiores centros de urgências do município.

Médicos pediatras do Hospital Ouro Verde denunciaram ao Sindicato dos Médicos Campinas e Região (Sindimed) que o Pronto Socorro Infantil está funcionando há dois meses com apenas um médico de plantão, e alguns dias sem nenhum profissional na escala – o que antes de haver a intervenção e a prefeitura dar início às demissões coletivas, funcionava com três plantonistas, sendo um celetista e dois terceirizados.  

Segundo os profissionais, a pediatria do pronto socorro infantil contava com um número mínimo de médicos contratados em regime CLT que prestavam serviço ao PS infantil e atendiam como forma de plantão, enquanto a outra parte da demanda era suprida por médicos terceirizados, contratados na modalidade Pessoa Jurídica. Como os médicos “PJs” estão sem receber, alguns desde março outros desde fevereiro deste ano, em especial no setor da pediatria, a grande maioria deixou a escala de trabalho e quem ficou no atendimento, com total sobrecarga de trabalho, foram os médicos celetistas, que aguardam ser demitidos a qualquer momento.

De acordo com informações obtidas pelo Sindimed, a escala fixa de plantão da pediatria apresenta diversos desfalques e não existem médicos escalados para cobrir o plantão do Pronto Socorro Infantil do Hospital Ouro Verde. Na semana passada, o Sindimed informou sobre o fechamento do setor devido à falta de pediatras, contudo o problema persiste. A escala, segundo informações, conta com poucos médicos contratados para cobrir a demanda do hospital. “Durante o dia, tirando aos finais de semana, o atendimento costuma ficar estabilizado, pois normalmente existem pelo menos dois médicos na escala que prevê quatro profissionais, porém, durante a noite, onde se espera três profissionais, acaba ficando apenas um e eventualmente nenhum”, disse um dos médicos ao sindicato.

Ainda segundo a categoria, as crianças triadas como vermelha ou amarela são atendidas na hora. Fichas verdes e azuis, que demandam atendimento sem urgência, são avisadas para procurarem outra unidade de saúde ou aguardarem sem previsão para atendimento. “A orientação da diretoria clínica do hospital foi que a porta do pronto socorro deveria ficar aberta, e o atendimento deveria acontecer conforme o único médico disponível conseguisse, priorizando casos mais graves. Mas, o que é tocar o serviço de emergência de três, sozinho? Todos precisam de atendimento, mas, nessa escassez de profissionais por conta da falta de pagamento dos profissionais terceirizados, muitos pacientes ficam desassistidos. E o pior é que ninguém nos dá nenhuma perspectiva para essa situação se normalizar”, declarou um dos pediatras.

Mesmo longe de se ter condições básicas para exercer a função, os médicos ainda são apontados como culpados pela falta de atendimento. Nem a população, nem tampouco os profissionais da saúde, que se deparam diariamente com tamanho descaso, suportam mais essa impunidade. A saúde de Campinas está em colapso e algo precisa ser feito imediatamente.

O Sindimed Campinas apresentou um ofício à promotoria do Ministério Público Estadual pedindo ao órgão que fiscalize tais problemas que interferem diretamente no atendimento à população. A entidade reitera que está ao lado da categoria e vai oferecer todo o suporte possível para garantir que os médicos não sofram qualquer tipo de represália, nem que sejam responsabilizados pela má administração pública.

© 2018 SINDIMED