Home » Notícias » Campinas tem equipe de combate à dengue insuficiente, diz Sucen ao MP

chikungunya O número de funcionários que atuam no combate à dengue em Campinas (SP) é insuficiente, de acordo com relatório enviado ao Ministério Público pela Superintendência de Controle de Endemias (Sucen) – autarquia ligada à Secretaria da Saúde do estado. O município registrou neste ano a maior epidemia na história, com 59,1 mil casos confirmados e 11 mortes.

Segundo documento finalizado em 30 de junho, a cidade contava com 102 agentes de controle ambiental em ações de prevenção e controle; 435 agentes comunitários que executam ações de saúde, entre elas, precauções relacionadas à doença; 54 agentes terceirizados em ações de controle do vetor; 22 supervisores de campo, seis supervisores gerais e outros quatro ajudantes que trabalham em dois caminhões para remover criadouros.

A pasta de Saúde do estado, informou a assessoria, estima que a cidade deveria ter 132 trabalhadores a mais para a área.
“O número de agentes existentes é insuficiente para executar as ações tanto de prevenção como de controle do vetor com relação às diretrizes nacional e estadual.”

A avaliação integra o inquérito civil aberto pela promotora de Justiça Cristiane Corrêa de Souza Hillal em outubro do ano passado, onde ela recomenda rigor no combate à enfermidade e faz alerta ao prefeito Jonas Donizette (PSB) em caso de “omissão” na execução das medidas preventivas. A Secretaria Municipal de Saúde alegou que até a tarde desta terça-feira (11) não foi notificada e também não teve acesso ao documento da Sucen. Por isso, preferiu não se manifestar sobre o assunto.

‘Redução de pendências’
A avaliação assinada pelo superintendente Dalton Pereira da Fonseca Júnior, além do diretor técnico de saúde Antonio Henrique Gomes, também considera outras ações executadas pelo município desde a epidemia de dengue registrada no ano passado. Em 2014, Campinas foi a cidade com mais registros de dengue no país, de acordo com o Ministério da Saúde.

Segundo relatório da autarquia, a cidade realizou controle de criadouros em 28 mil imóveis durante o último trimestre do ano passado, mas houve pendência de 57,8% – índice equivalente a 38,3 mil prédios em falta por estarem fechados ou recusa do morador. Além disso, diz a Sucen, houve nebulização em 15,7 mil imóveis, mas a medida não foi executada em oito mil prédios pelos mesmos motivos.

“O grande desafio é a realização das duas atividades [controle de criadouros e nebulização] em curto espaço de tempo com o objetivo de evitar a dispersão da transmissão. Outro grande desafio é a redução de pendência, pois, são imóveis que não são trabalhados dentro de uma área de transmissão, devido à ausência de moradores no momento da ação o que pode contribuir por não possibilitar a interrupção/redução da transmissão” diz texto da Sucen.

À época, a Prefeitura promoveu arrastões (eliminação de possíveis criadouros pelo morador) em 4,8 mil imóveis e colocou telas nas caixas d’água de 8,2 mil prédios, completa o relatório.

‘Ações foram suficientes apenas para mitigar’
Em relação ao primeiro semestre deste ano, Campinas fez bloqueio de criadouros em 70 mil imóveis, mas faltaram 80,8 mil (pendência de 46,4%); e aplicou nebulização em 51,2 mil prédios, serviço que, por outro lado, faltou em 26,8 mil. Ainda de acordo com a Sucen, os arrastões atingiram 12,1 mil imóveis, e houve telamento de caixas d’água em 4,2 mil prédios.
“A epidemia de dengue desse ano superou todo o histórico de transmissões no estado de São Paulo e na região. As ações de bloqueio/controle de criadouros e bloqueio/nebulização foram suficientes apenas para mitigar a epidemia no município”, conclui o relatório da Sucen.

Reportagem do G1 mostrou que Campinas subtraiu o número de equipes antidengue e tem menos profissionais em comparação a cidades do mesmo porte em São Paulo. Em junho, a cidade tinha a maior incidência de casos entre as cidades mais populosas.

Medidas antidengue
Para tentar suportar a demanda de casos da dengue, a Prefeitura montou alas especiais em unidades de saúde para atender pacientes com suspeita de dengue e também tornou a prevenção à doença um assunto de responsabilidade de várias secretarias.

O Executivo argumenta que houve progressão dos casos de dengue em todo o Brasil e ainda aponta a escassez de água como um dos motivos para a alta do número de infectados.
Em junho administração defendeu que irá elevar o número de funcionários que atuam no combate e prevenção da doença – quando o prefeito autorizou contratação de 255 agentes comunitários de saúde e também disse que serão chamados mais 20 agentes de controle ambiental e de apoio ao controle ambiental. “O número de funcionários das duas empresas contratadas para atuar junto às equipes da Saúde no controle da dengue será ampliado de 60 para 200″, diz texto da época. O prazo para finalizar as contratações, todavia, é incerto.

A Prefeitura havia informado, no mês de maio, que contava com 513 agentes comunitários de saúde, 134 agentes de controle ambiental e apoio, mais 52 profissionais de empresas contratadas. Um total de 699 trabalhadores ligados à Secretaria de Saúde. A administração também somou 41 guardas 48 soldados do Exército, que atuam temporariamente nas ações.

Fonte: G1

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