Home » Destaque, Notícias » Pior lotação em 30 anos faz Unicamp restringir internações em UTI infantil

11O Hospital de Clínicas da Unicamp, em Campinas (SP), restringiu na tarde nesta quarta-feira (13) as internações de crianças com quadros respiratórios graves na UTI pediátrica. O espaço com capacidade para dez pacientes está lotado e, além disso, outros 11 são atendidos em leitos fora desta ala e precisam de ventilação mecânica. Segundo o médico Marcelo Reis, este é o pior cenário em 30 anos e a medida será adotada durante 72 horas.”Geralmente, o atendimento a casos de bronquiolites aumenta de 20% a 30% nesta época.

Desta vez, estamos com 100%. Nosso grupo de trabalhadores está sobrecarregado e não conseguimos respirar, por mais infame que possa parecer o trocadilho”, falou o coordenador de emergência pediátrica. Ele disse que 90% dos pacientes tem menos de um ano.

Reis fez questão de frisar que o HC não vai negar atendimento, mas que a criança não vai ter “o tratamento adequado” por conta da situação. Desde Abril, de acordo com a coordenadoria do HC, estão suspensas as cirurgias eletivas da UTI pediátrica.

O Médico Marcelo Reis fez alerta sobre sobrecarga de trabalho no HC da Unicamp. De acordo com Reis, a infecção dos pacientes foi causada pelo vírus sincicial respiratório. A recomendação do hospital é para que as famílias busquem atendimento em outras unidades de saúde da região.

“A direção da Pronto-Socorro Infantil e da Enfermaria Pediátrica esclarecem que as equipes médicas, de enfermagem e fisioterapia estão sobrecarregadas com os pacientes na enfermaria e que, caso a superlotação se mantenha, poderá haver comprometimento da qualidade da assistência, inclusive com risco de óbito, caso continuem a chegar novos pacientes”, diz nota.

A unidade médica frisou que, em virtude do número de pacientes atendidos com doenças que necessitam de ventilação mecânica no tratamento, irá alugar em caráter emergencial aparelhos. “Todo o estoque do HC, inclusive o estratégico, está em uso”, destaca o texto. Em nota, a unidade médica destacou que empenhará esforços para normalizar os serviços.

Hospitais lotados
As outras unidades que atendem pelo Sistema Único de Sáude, em Campinas, também registram demanda elevada de atendimentos por causa do número de pacientes infectados pelo vírus sincicial respiratório.

No Hospital Mário Gatti, dez crianças ocupam todas as vagas na UTI, e outras duas foram colocadas em sala de terapia semi-intensiva adaptada. Além disso, há também dez pacientes que permanecem sob monitoramento no PS Infantil.

Por meio de assessoria, o diretor da unidade, Marcos Pimenta, frisou que o hospital manterá a vocação de portas abertas e, de acordo com a demanda, fará adaptações necessárias. Desde abril, a unidade médica já suspendeu pelo menos 150 cirurgias eletivas (agendadas, não há emergência/urgência), por causa da realocação de profissionais e mudanças em espaços para suprir a procura.

No Hospital Ouro Verde, a UTI pediátrica também funciona no limite e tem dez crianças internadas. Além disso, unidade médica atende mais dez pacientes internados na enfermaria infantil, e outros 25 mantidos no Pronto-Socorro Infantil. Neste espaço, todavia, a capacidade prevista é de cinco crianças.

O diretor técnico da entidade, Gustavo Guth, resumiu que o hospital manterá o atendimento 24 horas e, se necessário, haverá realocação de funcionários e locação de equipamentos.

Cuidados
Em abril, a assessora técnica na área da saúde de criança em Campinas, Anna Elisa Scotoni, falou ao G1 que os sintomas gerados pelo vírus sincicial são semelhantes ao da gripe comum, incluindo febre, tosse, com a diferença da falta de ar. A recomendação dela é para que as famílias busquem auxílio médico em postos de saúde antes de recorrerem aos hospitais da cidade, e priorizem as medidas de prevenção. “Lavar sempre as mãos para evitar disseminação do vírus e retirar crianças com menos de 3 anos dos locais aglomerados. Se ela estiver doente, o pedido é para que não sejam levadas a creche”, frisou à época.

Monitoramento
A Secretaria Municipal de Saúde informou, em nota, que esta época do ano é período de sazonalidade de doenças respiratórias e, por isso, há aumento de casos e internações. Além disso, a assessoria da pasta frisou que os serviços do município vão manter as portas abertas e a coordenadoria de Urgência e Emergência está monitorando a situação.

“O sistema de Urgência e Emergência exige responsabilidade compartilhada. Portanto, as instâncias municipal (incluindo o Hospital Mário Gatti, o Complexo Hospitalar Ouro Verde, Samu e Central de Regulação Municipal) e estadual (Diretoria Regional de Saúde VII – DRS VII, Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde) estão envolvidas na organização do sistema de forma a garantir assistência a todos os casos”, diz nota do Executivo.

Fonte: O Globo

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